A MINHA QUARTA MEIA EM VIANA - 20 JAN 2013

Foi duro, .... foi muito duro, mas valeu todo e esforço e empenho investido nesta prova!!!

O entusiasmo, a par da ansiedade, era mais que muito, razão pela qual, nada do que estava préviamente preparado e planeado poderia falhar.

Já na semana anterior, na prova Corrida da Cidade de Braga, as coisas não me tinham corrido muito mal, tendo até alcançado nesse percurso de 10Km, um tempo acima (abaixo) daquilo que eu julgava ser a minha forma actual. Claro está, que a motivação de corrrer com esta dupla de "Braguinhas" que ultimamente me tem acompanhado nestas "correrias" das coridas também ajudou à festa.

Como não podia deixar de ser, estou a falar da Valq. e do Zé Maria, que às tantas, sem darem por isso, me têm ajudado imenso nestes últimos treinos. Por esta razão, nós os três mais o Ângelo, que também correu connosco os 10Km de Braga, combinamos partilhar o meu carro para a viagem a Viana. Mais tarde, para completar o quinteto, juntou-se a nós outro Braguinha, no caso, o Imperadeiro, que se viria  a revelar a "mais valia" do grupo.

Definida a "troupe" que seguiria no meu carro, combinou-se encontrarmo-nos pelas 7H40m na casa da Valq., como ponto de reunião, para nos juntar-mos depois aos  demais Braguinhas, a fim de seguirmos todos juntos para Viana.

Reunida toda a gente dos Braguinhas que iria participar na prova, lá partimos para Viana, com a "chuva miudinha" a não querer dar tréguas; mesmo assim, as condições climatéricas até nem estavam assim tao más como isso, tendo em conta a invernia e os vendavais que assolaram o norte do país no dia anterior.

Reunida a "troupe" toda, lá partimos 5 ou 6 carros rumo a Viana. Escusado será dizer que ao fim do 2º/3º cruzamento, só dois ou três carros é que seguiram juntos, já que os restantes se perderam entretanto, mas, tal facto não haveria de constituir grande problema, porque de certeza que nos encontrariamos todos em Viana no levantamento dos dorsais.

Para quem tinha passado uma noite mal dormida (estamos a falar da ansiedade, claro está!), a indisposição e o cansaço parecia não estar a fazer muita mossa, aliás, os 40 min da viagem até Viana foram partilhados com boa disposição e bastante descontração com restante  pessoal do grupo..

Bom, lá chegamos a Viana pelas 9H00m, com a "chuva molha-tolos" a querer pegar, como que a querer dar sinais que não nos iria abandonar durante a prova.

Lá nos fomos conformando com a ideia, mas, o importante nessa altura era arranjar um lugar de estacionamento o mais próximo possivel da Meta. Foi então que percebemos que, apesar das condições climatéricas adversas, a adesão a esta prova estava a ser bem sucedida, tendo em conta o movimento de atletas que já se fazia sentir e a dificuldade que tivemos em arranjar estacionamento.

Como "quem porfia sempre alcança", lá acabamos por arranjar estacionamento relativamente próximo da Meta, junto à Policia Maritima, que mais tarde se viria a revelar uma dádiva, já que no final da prova, foi-nos permitido, ou antes, permitimo-nos usar as instalações dessa força policial para nos desembaraçar-mos dos equipamentos que ficaram completamente encharcados. No caso da Valq. até lhe foi permitido reconfortar-se com um duche quente e, ainda bem para ela, porque não chegou em muito bom estado ao final da prova.

Bem, dos preliminares já estamos conversados, interessa agora falar um pouco sobre o real motivo que nos levou a Viana;

Vamos lá...

Já em posse dos dorsais, cuja entrega deu uma luta tremenda, fomo-nos deslocando em jeito de aquecimento para próximo do local da partida, reencontrando aí a restante "troupe" dos Braguinhas.

As 10H30m, hora prevista para o inicio da prova, aproximava-se a passos largos; por esse facto, também nós nos fomos aproximando da meta, onde já se dispunham para a partida mais de 2/3 dos atletas, ou seja, 1500/1600 dos 2400 atletas já se econtravam posicionados para a partida.

Mas aqui, a organização da prova quis brilhar, ao anunciar em cima da hora que a partida iria ser adiada mais dez minutos, por causa da "trapalhada" dos dorsais ainda não terem sido todos entregues.

Claro está, que esta noticia não foi nada bem acolhida pelo pessoal, uma vez que a chuva estava a intensificar-se e os atletas iam ficando encharcados e arrefecidos.

Mais assobio, menos assobio do pessoal que já estava a esgotar os limites da paciência, o tiro de partida lá foi dado.

A contagem do tempo começara agora!!!

Já nã havia mais ninguem a contestar o atraso da partida, nem a lamentar as condições climatéricas que se estavam a agravar cada vez mais. Com o tiro de partida, o pessoal já só pensava em correr, correr, correr .....

Uns com expectativas de ganhar a prova, outros com a vontade de superar as suas melhores marcas, outros desafiavam-se a tentar concluir a prova, outros ainda para simplesmente correr, correr, correr ....... e partilhar o gozo da celebração que uma prova destas sempre proporciona; lá se foram atacando os primeiros quilómetros, sempre à beira rio, que desta vez não refletia os raios de um sol acolhedor com que o Minho presenteia os " seus" forasteiros, mas um cinzento tenebroso, carregado pela chuva cada vez mais intensa que se abatia nesta fase inicial da prova.
  
Para os primeiros kilometros, mandava o meu protocolo que não corresse num ritmo muito abaixo dos 5m20s/Km, mas, com o entusiasmo que me é habitual e porque não queria deixar escapar o Zé Maria e a Valq., quando dei por ela já estava a correr os 2/3 primeiros kilometros na ordem dos 5m/Km, mesmo assim, não consegui acompanhar aquela dupla de "amigalhaços" que me fugiram.

A chuva continuou a não dar tréguas nos kilómetros que se seguiram, creio mesmo que durante praticamente toda a prova, tivemos a chuva por companhinha, ora mais forte, ora mais fraca, a verdade é que ela nunca mais nos abandonou. Contudo, não haveria de ser essa adversidade climatérica que nos iria demover do objectivo traçado, pelo contrário, esse factor provavelmente viria até a revelar-se determinante para o meu bom desempenho, uma vez que a diminuição do cansaço cardio-respiratório, pelo efeito de uma menor desidratação, deve ter-se sobreposto ao cansaço locomotor provocado pela chuva.

Os kilometros lá se iam consumindo, agora na estrada Viana-Ponte de Lima,  até à freguesia de Cardielos, estrada essa por mim palmilhada umas boas dezenas de vezes .........., não com as minhas sapatilhas de corrida, mas com as solas do velhinho AX da SM, que fiz o favor de o mandar para a sucata, num acidente que me podia ter custado a vida em Ponte de Lima. Enfim, bons velhos tempos esses (não os do acidente, claro está!), quando vinha a Viana para as minhas Reuniões de Obra no IPVC, para me deliciar com a arquitectura, o conhecimento, a cultura  ...... enfim, com a partilha de um Homem com a dimensão do Arqtº FernandoTávora.

Bem, continuemos que ainda a prova não vai a meio....

Em Cardielos localizava-se o tipico bidão de viragem para a segunda metade da corrida, cuja estrada que lá nos conduzia, possuia um traçado ideal para este tipo de prova, já que o piso de tapete betuminoso se encontrava em bom estado de conservação e o perfil da mesma era bastante equilibrado, do ponto de vista dos desniveis a vencer.

Deve ter sido também por esse facto que consegui estabilizar o meu ritmo nos 5min/Km, o que mesmo assim não deixaria de constituir um surpresa para mim nesta fase da prova, levando-me  a  desconfiar que mais cedo ou mais tarde, as minhas pernas acabariam por ceder. Mas, na realidade, até aqui o cansaço ainda não se tinha feito sentir muito, não fosse aquele periodo de aceleração que "fui obrigado" a dar, para tentar recuperar o "tempo perdido" com o Zé Maria nessa zona do bidão de viragem, a propósito da cedência da minha chave do carro (que custou a desatar do meu cordão dos calções) à Val, para no final da prova ela ter acesso imediato ao carro, já que estava a dar mostras de não se ir a sentir bem.

Ultrapassado esse episódio, lá ultrapassei também a metade da prova, passando-se agora a fazer o sentido inverso do percurso, no meu caso, dentro do mesmo ritmo dos 5min/Km, o que me permitiria ultrapassar paulatinamente o pessoal que ia começando a ceder, especialmente as mulheres.

Uma dessas mulheres que passei lá pelo 12º/13º Km, foi uma atleta de Vila Nova de Punhe, que já na semana passada em Braga, a tinha ultrapassado também na fase final da prova. Aquando da passagem por ela, recordei-a do facto e acompanhei-a um pouco mais, "desafiando-a" a seguir no meu ritmo, mas logo me apercebi que ela já não conseguia, então lá fui eu à minha vida, feliz e contente, porque continuava a sentir-me razoavelmente bem nesta altura da prova.

Quem seguia no meu ritmo era um pelotão substancial de "gallegos", maioritariamente veteranos, que se notava estarem satisfeitos pela participação nesta corrida. Assim, lá aproveitei esta parceria, e segui na embalagem deles, até à reentrada na variante de ligação da A28 a Viana, lá pelo 18º Km, onde a chuva se intensificou um pouco mais e aí sim, as pernas começaram a ceder um pouco.

Como já só faltavam +/- 3 Km para o final, tentei seguir no mesmo ritmo, mas já na prespectiva de que se não aguentasse poderia facilmente baixar para os 5,30/6min/Km, que mesmo assim alcancaria sempre uma marca abaixo da 1H50m, superando dessa forma o objectivo inicialmente traçado para esta prova.

Bem, lá seguimos para abordar os 3 últimos kilometros, com as pernas a não quererem de facto continuar no mesmo ritmo anterior, obrigando-me naturalmente abrandar um pouco mais o andamento, mesmo assim, ainda distante dos 6min/Km.

Neste novo cenário, lá entramos por essa variante dentro da cidade, onde era já notório nos semblantes dos atletas que compunham o pelotão, um misto de cansaço e satisfação de dever "quase cumprido".

Mas, ainda teriamos que passar novamente sob a ponte Eifel, para então, sim, atacarmos a última avenida que nos levaria à recta da meta depois de contornarmos o último bidão proximo do Gil Eanes.

Com mais dor, menos dor, esta Meia já não nos fugiria!!!

E não fugiu, ......... apesar dessa extensa avenida ter custado a superar, especialmente na zona viragem junto ao Gil Eanes que nos  presenteou com uns fortes fustigos de chuva e vento, deixando ainda mais debilitados os corpos moribundos que se aproximavam da meta a clamar por um reconfortante e merecido duche.

Foi neste cenário que se concluiu a prova, encharcadinho e cansadinho da cabeça aos pés, mas que valeu a pena, lá isso valeu!!!

Obigado a todos, ..... Val, Zé Maria,  Ângelo, Américo e restantes BRAGUINHAS, agradeco-vos pelo meu novo Record Pessoal nesta distância de 1H46m16s, algo completamente impensavel à poucos meses atrás!!!


Aí vão umas fotos do pessoal BRAGUISTA que participou na prova.


O pessoal do grupo com o Gil Eanes a testemunhar o acontecimento

                    


 






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