SÉTIMA ETAPA A PER CORRER OS LIMITES DO CONCELHO DE BRAGA


26-06-2013


Era inevitavel,.... o que eu desconfiava, lá acabou por acontecer!!! 

A dureza, associada à dificuldade do percurso em termos de orientação, não se revelou a melhor combinação para levar a cabo esta etapa de forma "limpinha". 

Contudo, o objectivo principal foi superado, já que se conseguiu concluir esta etapa logo na primeira tentativa, apesar dos 3 Km e da 1/2 hora a mais em relação ao previsto.  

O percurso reservado para esta etapa levar-nos-ía à região Este do Concelho de Braga, onde se percorreram as freguesias de Espinho e Sobreposta do lado de Braga e as freguesias de Salvador de Briteiros e Stª Leocadia de Briteiros do lado de Guimarães. 

Pelo que se encontrava traçado no Google Earth, o percurso previsto para a zona de  fronteira entre os concelhos de Braga e Guimarães, desenrolar-se-ía em terreno montanhoso, nomeadamente no Monte da Pena, cujas vertentes separam os dois concelho.

Do ponto de vista da orientação, essa parte do percurso não iria ser um exercicio facil de solucionar, pelo contrário, tudo se conjugava para que mais cedo ou mais tarde, não houvesse referências de orientação, quer pela ausência de caminhos junto aos limites de fronteira, quer pelos acidentes topográficos e estado  da vegetação.

Estes episódios haveriam de ocorrer lá para meados do percurso, interessa agora relatar desde inicio os contornos desta etapa.
Rotunda em Espinho onde se iniciou a 7ª Etapa
A etapa teve início pelas 9H25m da manhã na freguesia sede do Santuário do Sameiro, mais concretamente numa rotunda em Espinho onde se faz a confluência da nova variante de S. Pedro D' Este com a estrada EN 309, junto ao Campo de Jogos dessa freguesia. 

A primeira rota a seguir seria a continuação da EN 309 no sentido de Pedralva até à rotunda seguinte que se situava a uns 1,5 Kms, onde se faz a bifurcação de direcções, uma que segue para Pedralva e a outra que dá continuação à estrada principal, no sentido de Sobreposta/Briteiros.
A tal recta na EN 309

Os primeiros 1,5 Kms já tinham sido por mim percorridos em sentido contrário na 3ª Etapa deste Per Correr Braga, razão pela qual essa parte do percursso não constituiu para mim uma grande novidade. Mesmo assim, tentei apreciar ao máximo  o intercalado da paisagem rústica com algum aglomerado urbano que me era oferecida por aquela enorme recta, num ritmo de corrida moderado, por forma a evitar grande desgaste logo no inicio da etapa.

Chegado à rotunda, virei no sentido de Sobreposta/Citânia de Briteiros, aproveitando o facto da estrada descer um bocado, para imprimir um pouco mais de ritmo.
Igreja de Sobreposta
Ultrapassada a rotunda, 100/200m mais à frente era-me apresentado o principal complexo patrimonial da freguesia de Sobreposta, com a Igreja, Centro Social, Cemitério e Junta de Freguesia, a aparecerem todos de enfiada do lado esquerdo da estrada, cuja similaridade arquitectonica e organizacional não difere substancialmente do que nos apresentam outras freguesias da região já percorridas.

Lá se continuou pela EN 309 rumo ao limite da freguesia/concelho, numa estrada simpática de se percorrer, nomeadamente num dia de sol intenso como o que se verificava, já que em boa parte do percurso esta estrada era ladeada por frondosas arvores que ofereciam a ansiada sombra protectora.

Ainda na EN 309 e já perto do limite do concelho de Braga com Guimarães, no lugar de Castelhão, onde estava prevista a mudança de rota para a zona florestal, deparo-me com um pitoresco ribeiro que emergia de uma densa vegetação, que especialmente neste dia conferia ao local uma prazeirenta frescura para refrescar o corpo que vinha já com 4,5 Km percorridos,  a +/- 5:25/Km.


Pontão sobre o tal ribeiro
Nessa zona, no entanto, era também visivel do lado direito da estrada e emediatamente antes do pontão sobre o tal ribeiro, uma ETAR que se encarregaria de ser o primeiro foco de poluição dessa linha de água. No caso, sempre é preferivel uma descarga dos efluentes a partir da ETAR, que uma descarga directa a céu aberto!!!

Chegado a esta fase do percurso, teria que derivar para o lado do monte, onde estava previsto fazer todo o traçado da fronteira de separação entre os concelhos de Braga e Guimarães.

Lá virei para o caminho que me iria entregar às entranhas do monte onde eu suspeitava que algo entre a aventura e a desorientação poderia vir a acontecer!!!

Logo nos primeiros 200/300m desse caminho é-nos oferecido um aglomerado pitoresco de pequenas casas, junto às quais corre o mesmo ribeiro que atrás foi visto, mas que aqui nos é apresentado a escorrer em cascata por um enorme penedo. Fiquei deveras agradado com o que tinha acabado de assistir!!!

A tal cascata a escorrer pelo penedo
Nesta fase o caminho ainda era fácil de percorrer, razão pela qual ainda o fiz em passada de corrida. A partir daqui é que o percurso assumiu contornos de trilho, já que estavamos a entrar na zona florestal.

A entrada nessa parte do percurso fez-se por um trilho que estava identificado como tal para os habituais montanhistas que vão calcorreando e desfrutando tal como eu, os tesourinhos escondidos que a mãe natureza nos vai oferecendo por aí!!!

O primeiro "tesourinho" com que me deparei, foi uma passagem afunilada por entre dois grandes penedos, cujo revestimento musgado e enrugado dava um quadro digno de minuciosa apreciação. Imediatamente a seguir é-nos também oferecida uma nova cascata do ribeiro que nos tem vindo a acompanhar.

Estes dois encontros imediatos obrigaram-me a "sacar" o telemóvel e desatar a tirar as respectivas fotografias de registo para memória futura.

Depois de apreciar e registar aqueles momentos, pretendia seguir a rota prevista, só que aí surgiu o primeiro grande contratempo. Na direcção que teria que seguir era impossivel qualquer tentativa de incursão, já que nesse sentido a vegetação era tão densa que só à "catanada" é que conseguiria avançar!!!

Esse impedimento obrigou-me ao primeiro grande desvio de rota, no caso tive que transpor o ribeiro para a outra margem e seguir depois um trilho em genero de lageado de geira, mas que pela orientação solar se afastava substâncialmente do traçado previsto.

Na primeira oportunidade que encontrei para mudar novamente de margem, não exitei em faze-lo, só que aqui confrontei-me com mais uma adversidade, já que na zona de transposição desse curso de água habitava uma comunidade de ortigas que não deu tréguas às minhas pernas nos 20/30min seguintes. 

Transposto o ribeiro lá encontrei um caminho por onde segui, mas que 300/400m mais à frente me deixaria entregue a uma nova zona densa de vegetação que me dificultou de sobremaneira o avanço na etapa.

Ultrapassada essa dificuldade, segui por um novo caminho que me levaria para fora dessa densa zona florestal. Ufff....finalmente!!!

Claro está que nesta parte do percurso, foi praticamente impossivel correr o que quer que fosse, tantos foram os acidentes a transpor!!!


Sem saber qual a minha localização, saquei dos apontamentos do Google Earth que levava comigo e apercebi-me que me encontrava numa localidade já muito próxima da Citânia de Briteiros. 

Tentei reorientar-me, decidindo por seguir para Norte no único caminho que tinha à minha frente para optar. 

Lá retomei o passo de corrida, passei por mais uma povoação que me devolveu depois a um novo monte de vegetação relativamente pouco densa, mas que me oferecia poucas pistas de orientação. A estratégia aqui era seguir no sentido mais noroeste possivel para tentar aproximar-me da rota inicialmente traçada.

Embora sem caminhos nem referências, subi esse monte por entre o mato e algumas arvores e galhos partidos e ressequidos, que de quando em vez me iam pregando algumas partidas, dificultando o meu avanço na etapa!!!

Chegado ao topo, transpuz um desses belos exemplares da arquitectura popular, no caso, um muro de pedra arrumada à mão, que fazem a separação de propriedades (ou não estivessemos nós próximos de uma citânia), e lá desci às apalpadelas a outra vertente, que 400/600m abaixo me colocou num novo caminho, que não tive dúvidas em que sentido seguir, já que desse local era possivel ouvir ao longe o trânsito automovel que ia passando pela estrada, que eu pensava que seria a que me levaria ao Sameiro.

Entusiasmado com a ideia de que me estava a aproximar da rota prevista, retomei o passo de corrida e lá consegui chegar à tal estrada 800/1000 m depois.

Final do percurso florestal
Chegado à estrada e socorrendo-me dos apontamentos que levava comigo, apercebi-me que afinal não me encontrava na estrada que eu pensava que era e, pior ainda, tinha perto de cinco longos quilometros de subida até atingir o Sameiro!!!

Não havia dúvidas quanto ao sentido da estrada a seguir, teria que necessáriamente ser o da subida, .... para mal dos meus pecados!!!

Ganhei coragem e lá iniciei a subida do martirio!!! 

Não exagerando muito no ritmo de corrida, até porque já me encontrava bastante desgastado, lá fui subindo penosamente a estrada fatal.

Ainda no primeiro 1/3 da subida, passei pelo cemitério, coreto e Igreja de Stª Leocadea de Briteiros, todos de enfiada. Aqui, abrandei ainda mais o ritmo para tentar reter um pouco mais esse conjunto patrimonial edificado.
Igreja de Stª Lecádia de Briteiros
Continuei a minha rota, mas lá pelo 3 Km da subida, as pernas quiseram renunciar ao trabalho, não fossem colapsar!!! Para minha vergonha, obedeci àqueles impulsos, e lá continuei os 600/800m seguintes a passo!!!

De facto, o cansaço e o calor tinham tomado conta de mim!!!

Que vergonha, resmungava eu com as minhas pernas, pelo facto de não resistir ao impulso da renuncia à corrida durante aqueles 800m!!!  

Retomei o ritmo de corrida, se bem que mais lento, +/- no local inicialmente previsto da saída do monte  para a estrada que estava agora a percorrer.

Nessa zona, para concluir a subida até ao Sameiro faltariam apenas 600/800m, com a vantagem da inclinação ser bastante menor e esta parte do percurso estar protegida por frondosas arvores que ofereciam uma reconfortante sombra ao um corpo moribundo e prestes a colapsar.

Lá chegamos ao Sameiro, possivelmente sob a protecção de Nª Srª que me deve ter ajudado a chegar a esse ponto mais alto do percurso e possivelmente também deste concelho que tenho andado a Per Correr.


Igreja do Sameiro
Chegado ao Sameiro e depois de ter percorrido aqueles 900 m, agora já planos e sob uma sombra revigorante, faltavam "apenas" +/- 2.600 m para concluir a etapa até ao ponto de partida.

Esses últimos 2.600 m seriam todos percorridos em estrada, na freguesia de Espinho, logo, sem grandes dificuldades de orientação e com a vantagem de ser em inclinação descendente. Contudo, o desgaste era enorme e já só ansiava pela conclusão da etapa e por uma bica de água, já que as minhas reservas também se tinham esgotado.

Ao fim dos primeiros 500 m de descida lá encontrei um lavadouro com uma bica de água "não controlada", que não resisti a devora-la num só gole, enchendo depois os meus bidonsinhos que me iriam hidratar nos restantes dois kilómetros.


A fonte milagrosa
Faltavam 2.000 m, mas o sentimento de prova superada já me assaltava o espirito, razão pela qual esses 10/11 min finais se consumiram rapidamente!!!

Balanço:
Aventura qb, sacrificio qb+, cansaço qb++, sentimento de superação qb++










Percurso:

Partida:    Rotunda de confluencia da EN 309 com a Variante de S. Pedro d' Este, em Espinho
                  Continuação da EN 309 até à Rotunda no Lugar de Cachada em Sobreposta
                  No rotunda virar à direita e continuar a EN 309
                  Continuar na EN 309 até ao final da freguesia de Sobreposta.
                  No final de Sobreposta, virar no sentido do Monte da Pena
                  Percorrer o Monte da Pena até entroncar na EM5822
                  Na EM 5822 continuar a ascenção até ao Sameiro
                  Sameiro - Estrada que liga a EM 5822, até à GNR
                 Descida desde a GNR do Sameiro até à rotunda de partida/chegada, novamente                       pela EN 309                    
Chegada: Mesmo local da Partida

Distância Total do Percurso: 16.250 m

Tempo Gasto: 2H03m17s

Ritmo: 7m 35s/Km

Percurso da 7ª Etapa (Avermelhado) - A parte Azul Bebé corresponde aos 8.000 m do limite do concelho de Braga com Guimarães, pelo Monte da Pena. 
















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