BRAGA, SUAS IGREJAS E CAPELAS - Quantas são afinal? Duas?!

2 - IGREJA DOS TERCEIROS


Localização: 
Largo de S. Francisco - S. João do Souto (Centro Histórico de Braga - 85 m)

Período de Construção: 1690 - 1730

Autor da Fachada: Manuel Fernandes da Silva - Fachada

Autores da Decoração Interior: André Soares, Carlos Amarante, João de Magalhães Calheiros

Azulejaria da Capela Mor: Nicolau de Freitas (1734)


Época / Estilo - Maneirismo, Barroco e Neoclássico

Em 1685, os Irmãos da Venerável Ordem Terceira de São Francisco decidiram construir a sua própria igreja e uma casa que lhes servisse para Definitório da Ordem.

Após a aquisição de umas casas junto à Fonte de Cárcova, em 1686, com a intenção de aí construir a sua igreja, a Venerável Ordem Terceira de São Francisco entregou ao mestre Domingos Moreira o projecto da sua ansiada igreja. Contudo, após um desentendimento com aquele mestre, a Ordem Terceira acabaria por entregar o projecto definitivo ao Mestre e Arquitecto Manuel Fernandes da Silva.


Resolvido aquele diferendo, as obras tiveram o seu inicio a 7 de Maio de 1690.


Só vinte e dois anos depois, em 1712, é que o templo foi benzido. Mesmo assim, as obras ainda não se encontravam concluídas, nomeadamente a Capela Mor e a Torre Sineira, que só bastante mais tarde, quase duas décadas depois, as mesmas seriam terminadas.


Com uma planta que se desenvolve longitudinalmente, onde a nave, a capela-mor e a torre sineira se dispõem no mesmo eixo, seguindo o esquema tradicional bracarense, a igreja, quer na sua fachada principal, quer na decoração interior, apresenta-nos uma diversidade de estilos, onde o maneirismo, o barroco e o neoclássico são dominantes. 

Assim, a fachada principal denota uma presença expressiva do maneirismo, nomeadamente no seu portal principal de verga recta assente em pilastras, rematado por frontão triangular. Mas também uma presença do barroco, nomeadamente ao nível decorativo, como é caso do recurso a volutas nas molduras das cartelas e óculo.


No seu topo, a fachada ostenta um frontão também de traço fortemente barroco, onde se incrusta um nicho com a imagem de Nossa Senhora da Conceição, Senhora essa que é a padroeira da Ordem Terceira. 

A fachada é integralmente revestida a azulejo industrial de padrão, policroma a creme e azul.
Já no interior somos confrontados com uma ampla nave que dispõe de quatro altares laterais e uma pequena capela, cujos retábulos evidenciam já uma marca neoclássica, mas também uma presença barroca na decoração dos púlpitos e sanefas.

Encimando a nave dispõe-se a capela-mor, mais estreita que aquela, mas com uma profundidade significativa, rematada com o altar-mor e um sumptuoso retábulo que dá guarida ao sacrário e à tribuna para exposição do Santíssimo, conjunto esse também de linhas neoclássicas, desenhado por João de Magalhães Calheiros.

Sobre o guarda vento da entrada dispõe-se o coro alto, de profundidade muito significativa, generosamente iluminado pelo grande óculo da fachada principal. Ainda no coro alto, do lado do evangelho, foi construído um elegante orgão de tubos em talha policroma e marmoreados. 

As paredes da nave, tal como as do coro alto, são pintadas com a técnica "tromp l'oeil", em tons cinzentos, com motivos de moldura característica do barroco.

Já as paredes da capela-mor são revestidas a azulejo figurativo em tons azuis, onde se retratam várias cenas da vida de S. Francisco e de Santa Margarida de Cartona, do lado do Evangelho e de Santa Rosa, do lado da Epistola.

Como já referido, na nave encontram-se encastrados nas paredes laterais, quatro altares com retábulo de linhas neoclássicas, cujo traço se atribui a de Carlos Amarante. Os mesmos são dispostos simetricamente, dois de cada lado, sendo que, do lado do evangelho, no primeiro altar venera-se a imagem de S. Francisco (fundador da Ordem) e no segundo, a imagem de Nossa Senhora da Salvação. Do lado da Epistola, no primeiro altar venera-se a imagem de Santo António e no segundo, a imagem de Nossa Senhora dos Desamparados.

Ainda na parede lateral da nave, do lado da epistola, junto à entrada, encontra-se também encastrada em praticamente toda a espessura da parede, uma capela, onde se venera o Senhor dos Aflitos.

Outra das preciosidades desta igreja é o seu tecto em abóbada de pedra maneirista, onde o mesmo com as suas molduras revela uma sequência reticulada de formas geométricas.
Fachada Principal
Nave e Capela Mor
Capela e Retábulo Mor
Aspecto da azulejaria da Capela Mor
Vista da Nave e Coro Alto a partir da Capela Mor
Pormenor do Tecto em Abóbada
Púlpito com traços barrocos
 Altares do lado do Evangelho - Nª Srª da Salvação e S. Francisco
Altares do lado da Epistola - S. António e Nª Sr.ª dos Desamparados
Capela do N. Sr. dos Aflitos do lado da Epistola


Fontes:  http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=15585
           Arquivo da Venerável  Ordem Terceira de S. Francisco de Braga, através do prospecto editado em 2018

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